Compras de Final de Ano Comprometem o Orçamento

Reginaldo Faria Primo
Reginaldo Faria Primo

Especialistas esclarecem como fugir desse problema

As festividades de fim de ano, como o Natal e o Ano Novo, trazem consigo uma atmosfera de celebração, mas também representam um momento de risco financeiro para muitos brasileiros. O apelo ao consumo é forte, com gastos em presentes, ceias e viagens. Sem um planejamento adequado, essa época pode se tornar um verdadeiro “vilão do crédito”, comprometendo o orçamento para o início do próximo ano.

“As pessoas tendem a subestimar o impacto das compras de fim de ano no orçamento de longo prazo. Elas focam nas festividades, mas esquecem que janeiro traz uma série de despesas inevitáveis”, alerta Edemilson Koji Motoda, Presidente do Instituto GEOC. Ele destaca que o uso descontrolado do crédito e as compras parceladas são práticas comuns, que acabam formando uma “bola de neve”. Quando as parcelas parecem pequenas e administráveis, o acúmulo e os juros elevados sobre os saldos podem comprometer as finanças.

Esse consumo impulsivo e desmedido não afeta apenas as despesas de curto prazo, mas também tem consequências duradouras para a pontuação de crédito e a capacidade de obter crédito no futuro. “Quando o limite do cartão é utilizado ao máximo, os juros sobre o saldo devedor podem ser altos, levando ao endividamento”, explica Motoda, que recomenda criar uma reserva financeira para despesas de janeiro e adotar um planejamento anual, considerando até os gastos sazonais.

Para Michely Thomazi, mentora financeira e influenciadora da Serasa, o problema é agravado pela falta de planejamento. Ela lembra a importância de estabelecer limites para as despesas de fim de ano: “Endividar-se para comprar presentes não é uma boa ideia. Planeje-se ao longo do ano, defina um limite para os gastos com presentes e seja responsável”. Michely conhece bem o impacto das dívidas. Em 2022, após quitar mais de R$ 186 mil, transformou sua experiência em mentoria financeira, capacitando pessoas a conquistarem sua liberdade financeira.

Segundo ela, evitar o uso excessivo do crédito rotativo é essencial, pois ele é “um dos maiores vilões das finanças pessoais”. Além disso, controlar o impulso de aproveitar promoções indiscriminadamente também ajuda a manter o orçamento em equilíbrio. “Descontos são tentadores, mas evite comprar mais do que precisa apenas porque o preço está atrativo. O barato pode sair caro”, reforça a mentora.

Para ajudar consumidores a manterem as finanças sob controle durante esse período e evitar que o “vilão do crédito” traga problemas para o próximo ano, Motoda e Michely destacam as seguintes 10 dicas:

1. Planeje com antecedência: Faça uma lista de presentes e gastos para o final do ano, estipulando limites de acordo com o seu orçamento. “Estabeleça um teto e cumpra-o, evitando compras extras que comprometam o orçamento”, recomenda Michely.
2. Evite parcelamentos no cartão de crédito: “Parcelar no cartão de crédito parece vantajoso, mas os juros podem se acumular e comprometer suas finanças no longo prazo”, alerta Motoda.
3. Prefira compras à vista: Quando possível, opte por pagar à vista. “Essa prática ajuda a evitar compromissos futuros e, em muitos casos, permite conseguir descontos”, afirma Michely.
4. Pesquise preços e evite compras impulsivas: “Compare preços antes de finalizar uma compra. Evite comprar por impulso, o que é um dos maiores fatores para gastos desnecessários”, lembra Motoda.
5. Crie uma reserva para janeiro: “Planeje um fundo específico para despesas do começo do ano, como IPTU, IPVA e material escolar”, sugere Michely. Ter uma reserva facilita o início do ano sem aperto.
6. Evite compras de última hora: “Planeje-se para fazer as compras antecipadamente. Deixar para a última hora pode sair caro e impulsivo”, aconselha Motoda.
7. Controle o uso do crédito rotativo: “O crédito rotativo é um dos maiores vilões das finanças pessoais. Sempre que possível, quite a fatura total do cartão de crédito”, diz Michely.
8. Faça um planejamento anual: “Além do planejamento para as festas, desenvolva um orçamento que cubra todo o ano, considerando despesas sazonais e de rotina”, sugere Motoda.
9. Evite gastos supérfluos: “Analise se o que você está comprando é realmente necessário ou se está sendo movido pelo impulso. Menos é mais, principalmente em tempos de aperto financeiro”, lembra Michely.
10. Aproveite as promoções com cautela: “Descontos são tentadores, mas evite comprar mais do que precisa apenas porque o preço parece atrativo. O barato pode sair caro”, conclui Motoda.

Assim, enquanto as festividades são momentos de alegria e união, manter a saúde financeira em foco evita que o “vilão do crédito” comprometa o orçamento familiar e as metas do próximo ano.

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