Economistas defendem corte urgente da Selic e cobram política monetária alinhada ao desenvolvimento

Reginaldo Faria Primo
Reginaldo Faria Primo

“Carta de Porto Alegre”, divulgada ao fim do Congresso Brasileiro de Economia, propõe juros mais baixos, reforma tributária progressiva e transição verde como pilares de um novo ciclo de crescimento sustentável

Economistas de todo o país reunidos no XXVI Congresso Brasileiro de Economia (CBE) defenderam, na Carta de Porto Alegre, a redução imediata da taxa Selic, atualmente em 15% ao ano. O grupo considera que o atual nível de juros é incompatível com a retomada do investimento produtivo. O documento sintetiza as principais conclusões e posicionamentos do encontro organizado pelo Conselho Federal de Economia(Cofecon) e pelo Conselho Regional de Economia do RS entre os dias 6 e 10 de outubro.

Segundo o texto, o patamar atual inibe a expansão da atividade econômica, dificulta o financiamento de empresas e famílias e onera desnecessariamente a dívida pública, comprometendo o crescimento sustentável do país. “A manutenção de uma Selic tão elevada tem imposto custos desproporcionais à economia real. É preciso reduzir o custo do capital para destravar investimentos, gerar empregos e impulsionar o crescimento sustentável. O Brasil não pode perder oportunidades por uma política monetária desalinhada das necessidades do desenvolvimento”, defendem os participantes do Congresso de Economia.

Além da política monetária, a Carta de Porto Alegre enfatiza avanços recentes em áreas estruturais, como a reforma tributária, destacando a importância da tributação progressiva sobre os super-ricos e a desoneração das faixas mais baixas de renda como medidas para reduzir desigualdades e estimular o consumo interno.

O documento também ressalta o papel dos programas de transferência de renda, a valorização do salário-mínimo e a baixa taxa de desocupação como fatores que têm contribuído para a recuperação do poder de compra das famílias brasileiras e para a melhoria das condições sociais.

No campo ambiental, os economistas lembram que a Cúpula do Clima, que será realizada em novembro em Belém (PA), representa uma oportunidade histórica para o Brasil reafirmar sua liderança global na agenda de sustentabilidade. O país, destacam, aumentou sua ambição na meta de redução de gases de efeito estufa e retomou ações voltadas ao cumprimento das metas climáticas.

A Carta também reforça a importância de um reposicionamento geoeconômico e político do Brasil, com ênfase na soberania, na defesa do Estado Democrático de Direito e na inserção internacional baseada em autonomia, segurança alimentar e transição energética.

Concluindo, o documento reafirma o compromisso das entidades representativas da categoria — o Sistema Cofecon/Corecons — com um Projeto Nacional de Desenvolvimento autônomo, inclusivo e sustentável, que una crescimento econômico, justiça social e equilíbrio ambiental.

A Carta de Porto Alegre está acessível na íntegra em https://cofecon.org.br/cofecon/?p=26530

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